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11.07.2025

Martim Krupenski defende advocacia de negócios como alicerce estratégico em tempos de incerteza

Martim Krupenski, managing partner da Morais Leitão, acredita que o papel do advogado de negócios assume hoje uma dimensão decisiva num mundo marcado por «eventos raros e imprevisíveis – os ‘cisnes negros’ de Nassim Taleb». Em entrevista ao Jornal Económico, publicada a 11 de julho de 2025, sublinha que é essencial conjugar «raciocínio quantitativo rigoroso com inteligência emocional e criatividade contratual», assegurando estruturas jurídicas flexíveis que não só protejam em cenários adversos, mas que também «transformem a volatilidade em fonte de oportunidades».

Na sua análise ao atual contexto económico, Martim Krupenski defende que o rigor no planeamento deve ser acompanhado de uma visão estratégica de crescimento, reforçando que a estabilidade legislativa é um fator-chave para a confiança dos investidores. «Quando o cliente sabe que as regras do jogo não mudam subitamente – seja em matéria fiscal, laboral ou de apoio a setores estratégicos – consegue planear iniciativas de crescimento sem desviar recursos para renovações legais frequentes», alerta, lamentando a crescente complexidade normativa.

Sobre a evolução regulatória, aponta avanços importantes a nível europeu, mas refere que o desfasamento entre legislação e realidade continua a ser um obstáculo. «Estamos num momento delicado, com avanços e recuos simultâneos», afirma, exemplificando com o caso do Regulamento MiCA: «Portugal é dos poucos que ainda não o fez, pelo que não é possível registar CASP, processar pedidos de passaporte ou autorizar emitentes de criptoativos. O bloqueio afasta projetos e leva à venda de VASP a estrangeiros».

A inteligência artificial, para Martim Krupenski, representa um apoio valioso no reforço da eficiência, sobretudo em tarefas repetitivas e na análise preditiva de riscos. «Utilizamos IA para analisar milhares de documentos, entregando respostas mais rápidas e precisas, sem perder o know-how jurídico», refere, sublinhando o potencial das ferramentas de analytics na prática jurídica.

A internacionalização mantém-se como prioridade, com destaque para a atuação na África lusófona, Ásia e parcerias estratégicas em mercados chave como os EUA e Reino Unido. O desafio, conclui, está em «alinhar processos e cultura em múltiplas jurisdições, com as melhores práticas jurídicas e de gestão de processo».

Leia a entrevista completa no anexo abaixo.